Resumen:
O presente trabalho tem como objetivo contribuir, através de um aprofundamento na
obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilem Flusser, para o debate levantado por autores
como Manzini (1992), Findeli (2001) e Latour (2014), a respeito de um novo horizonte
de valores que possa superar o legado modernista do design. Partindo de uma
abordagem crítico-reflexiva, que, segundo Beccari, Portugal e Padovani (2017),
também pode ser compreendida como filosófica e, nos termos de Franzato e Bentz
(2016), como metaprojetual, buscamos na obra flusseriana os subsídios e a inspiração
para repensarmos os fundamentos axiológicos do design moderno. O fio condutor da
pesquisa está na relação entre as ideias apresentadas por Flusser em seus ensaios
dedicados ao design e a sua crítica à modernidade e à tecnociência moderna
desenvolvida pelo autor em algumas de suas obras mais relevantes como, por
exemplo, O Último Juízo: Gerações (2017) e o Vampyroteuthis Infernalis (2012). A
postura crítica adotada, incomum no campo do design, busca enfatizar a
indissociabilidade entre as dimensões estética, ética e epistemológica na prática dos
designers na medida em que critica a separação entre arte (pensamento valorativo
subjetivo) e técnica (pensamento científico objetivo), que, segundo Flusser, funda a
idade moderna.