Resumo:
Em paralelo aos modos hegemônicos de apreender e abordar a realidade, vemos a emergência do paradigma da Sustentabilidade Regenerativa, que emerge em uma visão de mundo ecológica. Nesta visão encontramos um contraponto ao pensamento cartesiano, mecanicista e reducionista, ou seja, encontramos uma oportunidade para entender o mundo e intervir neste como parte da natureza, compreendendo-nos como membros desta teia da vida, desta interexistência. Esta foi uma pesquisa qualitativa, exploratória e experimental, que utilizou também uma inspiração e ética cartográfica para seus desenvolvimentos. O percurso contou com revisão teórica do Design Regenerativo e do Design (Estratégico) para a Inovação Social e Sustentabilidade; observação participante no Instituto de Desenvolvimento Regenerativo; imersão com um grupo de pessoas na Serra da Cantareira/SP, por quatro dias, para uma experimentação e metaprojetação; e entrevistas em profundidade com os participantes da imersão. Através destes processos se pôde iniciar uma proposição de Design Estratégico Regenerativo, com princípios e movimentos projetuais experimentados e idealizados a partir do processo de pesquisa. Os princípios da prática regenerativa são interdependentes e se reforçam mutuamente. Podem ser direcionadores de atitudes, de processos e dos cenários prospectados. São eles: Cuidar para permitir a emergência da saúde integral; Promover a autonomia em relações recíprocas e fluxos circulares; Buscar a coevolução ressignificando e desenvolvendo relações de valor com o ecossistema; Autotransformar-se a partir de uma visão ecossistêmica; Desenvolver comunalidade através da eco dialogicidade; e Desenvolver o conhecimento ecológico de interexistência.
Os movimentos do design estratégico regenerativo são: mapeamento da singularidade da organização e do lugar; o mapeamento e prospecção de sua vocação - que seria o papel agregador de valor a supra e subsistemas; e a catalisação na identificação de capacidades e intervenções que devem ser reforçadas ou desenvolvidas para que a organização viva sua singularidade e vocação. Este trabalho buscou articular e aprofundar acerca do conceito da regeneração e utilizar As Três Ecologias de Guattari como um enquadramento projetual. As contribuições da Regeneração e As Três Ecologias para o Design Estratégico são principalmente uma ênfase na atuação a partir de uma visão ecossistêmica e a consideração do trabalho localizado que ao mesmo tempo contribua com um impacto/valor que reverbere positivamente entre as escalas de sistemas aninhados. Também, procurou-se incluir nas atitudes e modos projetuais propostos um olhar para a autotransformação do sujeito designer, algo pouco explorado no âmbito do Design Estratégico.