Abstract:
A presente dissertação foi construída em diálogo com o projeto guarda-chuva
“Equidade de gênero e políticas do cuidado em contexto de pandemia: pesquisaação em territórios da cidade de São Leopoldo”, o qual pretende analisar os efeitos
da pandemia de COVID-19 nas relações de gênero e de cuidado comunitário dentro
do bairro Feitoria no município de São Leopoldo. Este recorte focará nas
construções das masculinidades, também será criado um paralelo com a relevância
do Estado na construção ou manutenção desses cuidados a partir da análise da
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), demarcando
como as políticas públicas de saúde influenciam e ajudam a construir as formas de
experienciar as relações de masculinidades. Teve como objetivo geral, analisar as
relações de cuidado comunitário que envolvem as masculinidades no período da
pandemia de COVID-19, no bairro Feitoria da cidade de São Leopoldo/RS. Para tal,
utilizou-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem etnográfica. O recorte
etnográfico se dá na medida em que a inserção no campo foi tida como essencial
para a construção do percurso metodológico, possibilitando a análise sobre
estruturas socioculturais e suas articulações comunitárias, pautando-se em um
conhecimento construído a partir de observações atentas do pesquisador, que
mantém uma postura de abertura e respeito. Com a fala dos entrevistados, percebese que o trabalho na ESF serviu como uma forma de mudança em suas identidades,
aproximando-os das relações de cuidado consigo e com demais pessoas. Ao olhar
para a produção do cuidado de maneira ampla, ressalta-se que embora exista uma
política voltada à saúde do homem, ela é construída para os corpos cisgêneros,
brancos e heterossexuais, tendo pouca efetividade na produção de cuidado dos
homens. Desta forma, embora haja uma possibilidade de transformação, ela
acontece de maneira local e individual, faltando uma formação profissional e
contínua que embase e garanta a produção de cuidado com o público masculino.
Ressalta-se, a necessidade de mais trabalhos no campo, capazes de produzir
brechas nas normativas de gênero e que abram espaços para outras narrativas
serem contadas, ampliando os repertórios masculinos sobre suas possibilidades de
existências.