Resumo:
O Design Estratégico pode ser visto como uma disciplina que convida a especularmos sobre as possibilidades de futuro pela construção de cenários. De forma compartilhada com o Planejamento e com a Futurologia, cenários são uma forma de pensar em futuros possíveis, prováveis, utópicos e distópicos. Valem-se de narrativas visuais e partem de uma prática em comum: são frequentemente orientados por dicotomias e polaridades que contrastam e tensionam as visões do futuro. Esta pesquisa busca uma forma menos dicotômica na elaboração de cenários, baseada no conceito de rede, oriundo da teoria de sistemas. Com o avanço das Ciências da Computação e da Comunicação, a presente pesquisa busca abrir caminhos metodológicos para a análise visual de redes como orientadores de cenários de Design. Para cumprir esse objetivo, é desenvolvida uma pesquisa qualitativa e exploratória. A estratégia metodológica aplicada foi uma pesquisa-ação feita em dois movimentos. Primeiro, é desenvolvida uma pesquisa bibliográfica junto a uma documental para conceituar o corpo teórico e para mapear e debater sobre pesquisas e estudos que emergiram durante a pandemia da Covid-19 e referências para a construção de cenários, visualização de dados e análise de redes. No segundo movimento, é realizada uma pesquisa de campo com seis workshops com variações de atores e temáticas para experimentar como os sujeitos podem construir cenários utilizando-se de estratégias orientadas por redes. Entendeu-se que tanto os cenários quanto as redes apresentadas são artefatos altamente comunicativos, sendo o primeiro apontando para o futuro e a segunda para elementos do presente e do passado. Ainda, constatou-se que as redes podem ajudar a evidenciar o campo semântico de determinada temática. As redes também serviriam como uma forma de denotar sentimentos positivos e negativos e de estimular para que os sujeitos encontrem nodos que instiguem a contação de casos e a criação de narrativas. Por fim, notou-se que os gráficos em redes, muitas vezes chamados de mapas, precisam ser situados e contextualizados para que não sejam utilizados apenas como uma curiosidade estética.