Abstract:
Dor musculoesquelética é considerada um problema de saúde pública devido a sua
alta prevalência, o que gera consideráveis custos para o sistema de saúde e impacto
na qualidade de vida. Atividade física tem sido apontada como uma estratégia para
melhorar a saúde do sistema musculoesquelético, tendo como foco a possibilidade
de prevenir sintomas álgicos relacionados a este sistema. No entanto, os achados
de alguns estudos têm se mostrado inconsistentes, fazendo com que tal relação não
esteja bem estabelecida. Portanto, este estudo teve como objetivo verificar, através
de uma revisão sistemática, a relação entre atividade física no lazer e dor
musculoesquelética em adultos e idosos. Realizou-se uma busca sistemática de
estudos observacionais nas bases de dados MEDLINE via PUBMED, LILACS,
SCIENCE DIRECT, WEB of SCIENCE e SCOPUS e nas referências de artigos
elegíveis para leitura na íntegra, referentes ao período de 1990 a 2010, com os
seguintes descritores: physical inactivity, leisure time physical inactivity, sedentary,
sedentary lifestyle, physical activity, leisure time physical activity, physical exercises,
walking, physical fitness, muscle stretching exercises, resistance training, risk
factors, determinants, causality, musculoskeletal symptoms, musculoskeletal
complaints, musculoskeletal disorders, pain, joint pain, arthralgia, back pain, low
back pain, neck pain, lower extremity pain, upper extremity pain e seus equivalentes
em português e espanhol. Dos 26.676 artigos encontrados nas bases de dados
foram selecionados cinco estudos. A busca na lista de referências possibilitou a
inclusão de mais dois estudos. Ao todo, foram selecionados sete estudos para
compor a revisão. Os estudos incluídos foram publicados entre 1996 e 2009 e todos
foram realizados em países desenvolvidos. Os resultados analisados nesta revisão
provêm de quatro estudos de coorte, com tempo de seguimento entre um e 33 anos,
e três estudos com delineamento transversal. Seis estudos obtiveram informações
sobre o desfecho com base em um questionário autoaplicado e apenas um obteve
informações sobre o desfecho por meio de entrevista e exame de saúde. Cinco
estudos apresentaram como desfecho dor lombar, um estudo avaliou dor nas costas
e um dor no ombro. Em relação à exposição, os artigos apresentaram diferentes
definições e utilizaram diferentes instrumentos para medi-la, sendo que apenas três
estudos utilizaram um instrumento validado, mas apenas um apresentou
informações de validade e reprodutibilidade. O percentual de pontuação conforme as
questões adaptadas de Downs e Black variou entre 33,3% e 70,8%, com média de
55,4% (dp=12,9%). O percentual de pontuação com base na Iniciativa STROBE
variou entre 38,6% a 86,4%, com média de 64,9% (dp=15,8%). Não se identificou
associação entre atividade física no lazer e dor musculoesquelética. Este resultado
poderia ser atribuído à real falta de associação ou poderia ser atribuída a algumas
limitações dos estudos analisados, tais como baixa taxa de participação, diferentes
definições da atividade física no lazer e dor musculoesquelética e heterogeneidade
nos instrumentos utilizados para mensurá-los. Apesar do resultado encontrado, a
prática regular de atividades físicas no lazer deve ser sempre estimulada, uma vez
que outros benefícios são proporcionados, tais como bem-estar geral e prevenção
de muitos agravos à saúde.