Resumen:
O presente trabalho busca observar as performatividades de gênero a partir da análise do curta-metragem Pink or Blue (2017), resultante da parceria entre o diretor Jake Dypka e a poeta Hollie McNish e apresentado no festival de publicidade Lions Cannes. A partir disso, nosso questionamento central é de que forma os construtos comunicacionais de feminilidade e de masculinidade se atualizam nas imagens técnicas e metafóricas de Pink or Blue (2017). Nosso percurso apresenta dois capítulos teóricos, sendo o primeiro voltado aos debates de gênero, como performatividade (BUTLER, 1988, 2003, 2019) e patriarcado (BOURDIEU, 2019). Já o segundo faz incursões a partir do plano expressivo do curta, seus elementos técnicos, estéticos e narrativos, além disso trabalha com conceitos como imagem dialética e imagem crítica (DIDI-HUBERMAN, 2010), bem como o viés político que as imagens carregam (BENJAMIN, 1985). Nossa metodologia fez uso da combinação da dissecação (KILPP, 2003, 2010) e procedimentos cartográficos (MOLDER, 2010). Durante o dissecar das imagens, acabamos por criar outras imagens, as quais permitiram evocar discussões acerca de corpos que fogem aos binarismos de gênero. A segunda etapa metodológica, referente à cartografia, nos permitiu criar três constelações que discutem temáticas pertinentes aos estudos de gênero, cada uma delas focando em um aspecto distinto como: sexualidade, corpo e interseccionalidade. A partir disso, tecemos discussões sobre racismo, etarismo, masturbação, hiperssexualização, dentre outros. O principal ponto que extraímos de Pink or Blue é que as performatividades de gênero ali apresentadas, apesar de possuírem um intuito de educar o espectador através da manifestação das diferentes formas de expressão de gênero e sexualidade, acabam por recorrer a clichês imagéticos. Por outro lado, reconhecemos a necessidade de reforçar mensagens que parecem estar dentro da esfera da obviedade, tendo em vista os crescentes movimentos de intolerância, como LGBTfobia, racismo e feminicídio.