Resumen:
Ao longo das últimas décadas são significativas as transformações em curso no perfil e na dimensão das relações entre os países. Conceitos teóricos prevalecen-tes são desafiados e novas contribuições se apresentam a partir de observação em-pírica, passando, pois, a delegar mais ênfase ao papel da demanda na configuração produtiva e comercial, bem como determinante da posição competitiva das indústrias e países no mundo como um todo. Nesse contexto, destaca-se a virtuosa expansão performada pela China, por meio de taxas expressivas de crescimento do comércio exterior e da produção industrial. Como argumentado por Módulo e Hiratuka (2017), o dinamismo chinês nas exportações de industrializados cria desafios e oportunidades para outros países, sobretudo os que buscam manter uma estrutura industrial rele-vante. Entre os desafios, destaca-se a concorrência das exportações do país com as exportações chinesas em terceiros mercados. Sobre esse está sustentado o objetivo do presente trabalho, que é mensurar o efeito da competitividade das exportações chinesas de industrializados sobre a competitividade das exportações brasileiras dos mesmos produtos. Para o alcance do objetivo, foi construído um indicador de intera-ção entre o market share da China no país parceiro do Brasil e a complementaridade de comércio do mesmo país com a China e com os Estados Unidos. Como hipótese geral, sugere-se que o efeito da China sobre a competitividade do Brasil pode variar de acordo com a complementaridade de comércio do país parceiro, sendo esperado efeito maior quando a complementaridade de comércio é maior com a China do que com os Estados Unidos. São tratados exclusivamente os produtos industrializados e fazem parte da amostra 35 países, observados de 2000 a 2019. Como metodologia, são propostos modelos de dados em painel com aplicação do estimador de variáveis instrumentais a partir do Método Generalizado dos Momentos (IV-GMM). Os resulta-dos validam a hipótese quando a complementaridade de comércio do parceiro com a China é maior, evidenciando a ocorrência de efeitos competitivos da China sobre o Brasil, no sentido de perda de market share em produtos industrializados em terceiros mercados.