Resumen:
Nesta dissertação, investigo técnicas de gambiarra realizadas em trabalhos de artemídias. Para tanto, exploro a ideia de artista parasita, observando procedimentos criativos de artistas que fazem uso de técnicas experimentais em dispositivos obsoletos para criação de obras sonoras. Primeiramente, parto do campo da biologia para definir o que vem a ser um parasita, conforme indicado por Ramos e Azevedo (2010), para então avançar sobre a relação de parasitose como um conjunto de interferências comunicacionais, segundo o pensamento de Michel Serres (1982). Situo esta pesquisa no âmbito da arqueologia das mídias, amparada principalmente por Parikka (2015; 2017). Como orientação metodológica, proponho uma abordagem cartográfica, conforme descrito por Canevacci (1997) e Molder (2010); também desenvolvo o procedimento de cartoescavação, que se refere à intervenção metodológica sobre os objetos empíricos. Esta cartoescavação aponta para questões a serem observadas em um laboratório de hacking, um espaço de experimentação conceitual e aplicada onde “escavo” dispositivos tecnológicos/artísticos/comunicacionais. Neste laboratório, a cartoescavação permite a abertura das caixas pretas, bem como o acesso a uma camada mais aprofundada de análise intitulada escuta geológica, que é conceituada a partir de Parikka (2015) e Ernst (2019). Como objetos empíricos analisados, apresento a banda indonésia Senyawa, que constrói seus próprios instrumentos sonoros; uma cartoescavação realizada em laboratório de hacking, intitulada Theremin Gambiarrístico; uma análise do instrumento sonoro Theremidi; e outra cartoescavação intitulada Objeto sonoro não-identificado (O.S.N.I). A partir destas análises foi possível observar o laboratório gambiarrístico do parasita, conhecer como ele desenvolve estratégias próprias para criação de suas obras sonoras, bem como observar de que formas este ambiente de estudos gambiarrísticos foi capaz de criar acessos para outras formas conhecimento sobre as materialidades e tecnologias trabalhadas.