Resumen:
É amplamente conhecido que as temperaturas globais e os níveis do mar estão subindo, os padrões de chuva estão mudando e os eventos climáticos extremos estão se tornando mais intensos e destrutivos. Neste sentido, a Geologia é de suma importância para entendermos como o clima se modificou no passado e auxiliar em predições de mudanças climáticas atuais e futuras. Nesta dissertação discutimos como uma mudança na Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC) pode acarretar anomalias climáticas e de produtividade primária para o Oceano Atlântico Sul. A possibilidade de um colapso (ou enfraquecimento acentuado) na AMOC dentro de alguns séculos aumentou o interesse da comunidade científica nas respostas de diferentes compartimentos do sistema terrestre a colapsos anteriores de AMOC (ou enfraquecimento acentuado). Os exemplos mais recentes desses períodos são Heinrich Stadial 1 (HS1,18-15 ka BP; AMOC quase colapsada) e o Younger Dryas (YD, 12,9-11,7 ka BP; AMOC marcadamente enfraquecido). Aqui, apresentamos razões elementares, biomarcadores orgânicos, reconstruções da temperatura da superfície do mar e dados de assembleias de foraminíferos planctônicos de um testemunho de sedimento marinho recuperado do Oceano Atlântico Sul tropical ocidental que se estende pelos últimos ca. 20 ka. O testemunho registra as respostas do hidroclima da América do Sul tropical e mudanças de produtividade do Atlântico Sul tropical, durante as flutuações de intensidade de AMOC associadas com HS1 e o YD. Nossos dados mostram que tanto o HS1 quanto o YD foram caracterizados por um clima mais úmido sobre o nordeste da América do Sul tropical e, consequentemente, houve um aumento do aporte sedimentar continental. No entanto, o escoamento de sedimentos continental foi provavelmente mais intenso durante o HS1, quando o fornecimento de nutrientes aumentou a produtividade primária no oceano Atlântico Sul tropical ocidental. Juntamente com dados publicados anteriormente, sugerimos que diminuições marcantes na intensidade de AMOC durante HS1 e o YD aprisionaram o calor na camada superficial do oeste do Oceano Atlântico Sul, facilitando a transferência de umidade e aumentando a precipitação sobre o nordeste da América do Sul.