Resumen:
Partindo da proposição de que narrativas e identidades emergem de contextos sociais e de que a discursividade é uma lente privilegiada para investigar as práticas sociais e experiências pessoais, a presente pesquisa de caráter interpretativo/qualitativo visa a analisar as identidades construídas pelas pessoas nascidas em Balsas, cidade do Sul do Maranhão. A região, localizada na Amazônia Legal, conhecida como Região de Pastos Bons, desde a sua colonização foi um território propício para exploração de terras favoráveis para a agricultura e pecuária. Na década da 1970, a região de Balsas passou a ser o destino de muitos agricultores, principalmente sulistas, quando o cerrado, um ecossistema antes considerado improdutivo, tornou-se um bioma fértil assumindo hoje o status de um dos maiores produtores de alimentos do Nordeste. O objetivo principal desta pesquisa é analisar como as identidades, especificamente sob o ponto de vista de quem nasceu na região, são construídas linguística e textualmente em um contexto de migração recente. O corpus foi gerado mediante entrevistas narrativas com pessoas nascidas em Balsas e possibilitou compreender como os participantes tecem seus discursos frente ao processo migratório em que estão inseridos, além de analisar as concepções de identidade construídas ao narrarem suas histórias de vida. A metodologia utilizada para alcançarmos essas proposições é a articulação da Análise de Narrativas e Identidades com a noção de referenciação, oriunda da Linguística Textual. Esta pesquisa assume a perspectiva textual-interativa para agregar os conceitos de referenciação e posicionamento para um enfoque mais abrangente dos elementos textuais envolvidos na construção das histórias. Também investiga a narrativa em uma perspectiva constituída e organizada textualmente e discursivamente e destaca a análise de narrativas como uma prática social moldada por múltiplos contextos sociais que levam à construção de identidades. As análises feitas com narrativas permitiram identificar as identidades em um ambiente de transformações rápidas, com uma multiplicidade de indivíduos, onde as construções identitárias não são unificadas, mas estão sempre em transformação.