Resumen:
As transformações tecnológicas oriundas da indústria 4.0 possibilitam inúmeras inovações em produtos, serviços e modelos de negócio, bem como, impulsionam o empreendedorismo digital. Nesse contexto, startups da área da saúde, conhecidas como health techs, vem utilizando tecnologias para melhorar ou transformar a experiência dos pacientes, e têm potencial para revolucionar o frágil sistema de saúde atual. Entretanto, as health techs precisam considerar fatores institucionais do setor de saúde, que é altamente regulado e que podem prover oportunidade ou barreiras à criação de modelos de negócios inovadores. Visando abordar esta problemática, este estudo tem como objetivo compreender a influência dos fatores institucionais na criação e implementação de modelos de negócio de health techs brasileiras sob a lente da Teoria Neo-institucional. Como método, foram realizados estudos de casos múltiplos em 12 health techs brasileiras localizadas em diferentes regiões do país. Os resultados da pesquisa indicam que, na etapa de criação do modelo de negócio, há maior incidência de fatores institucionais relacionados ao pilar cultural-cognitivo e os empreendedores apresentam uma visão mais centrada em seus objetivos pessoais e propósito do novo negócio. Já na etapa de implementação do modelo de negócio, fatores ligados ao pilar normativo e ao pilar regulativo tiveram mais incidência, visto que os empreendedores obtêm uma visão mais ampla das barreiras e oportunidades no contexto institucional da saúde. Além disso, a busca por legitimidade, com ações que visam fazer o modelo de negócio ser visto como digno e aceitável no contexto institucional da saúde também foram destacadas na etapa de implementação. Em síntese, os fatores institucionais afetam de forma distinta as etapas de criação e implementação do modelo de negócio de health techs. Este estudo contribui com a literatura sobre modelos de negócios e empreendedorismo digital, destacando a importância da análise dos fatores institucionais na modelagem de negócios.