Abstract:
A partir da problemática do acontecimento midiatizado, busca-se compreender de que maneira as narrativas em circulação transformam o acontecimento dentro do processo da midiatização, em especial o caso do time Javalis Selvagens, 12 adolescentes e seu treinador, que ficaram presos durante 18 dias na caverna Tham Luang, na Tailândia, em 2018. Antes de iniciarmos o processo de análise apoiamo-nos em alguns autores para definir e acionar conceitos como acontecimento jornalístico (CHARAUDEAU, 2006; RODRIGUES, 1993; QUERÉ, 2005), acontecimento e midiatização (FRANÇA, 2012; FAUSTO NETO, 2010; HEPP, 2014; VERÓN, 2014; FERREIRA; ROSA 2011; GOMES, 2016). Após o levantamento de materiais, com vistas a investigar essa processualidade, observamos um pequeno circuito constituído em torno do caso, por meio dos observáveis – uma produção audiovisual (documentário), do jornalismo (reportagens) e de comentários dos atores sociais no Facebook e Youtube e dos eixos, circulação midiatica (VERÓN, 2004; BRAGA, 2012; FERREIRA, 2013; ROSA, 2019; FAUSTO NETO, 2010; SOSTER, 2017); narrativas em midiatização (BARTHES, 2011; ROSA, 2016; GONÇALVES, 2014; SQUIRE, 2014; RESENDE, 2009; SOSTER, 2015), espaço-tempo (VERÓN, 2004; CARLÓN, 2020; RICOEUR, 1994), memória (RICOEUR, 2007; MARQUES, 2017; ROSA, 2012; GOMES, 2001) e imagens e imaginário (ROSA, 2017; KAMPER, 2018), foi possível analisar e identificar as narrativas midiatizadas nos objetos, e como cada uma contribui para que um novo acontecimento apareça. A partir de inferências e articulações entre objeto empírico e teoria, pudemos identificar a transformação do acontecimento midiático em midiatizado e suas remodelações ao longo da sua permanência na circulação. Ainda sinalizamos como resultados a complexificação dos sentidos das narrativas a partir do desenvolvimento de operações de midiatização por diferentes agentes que coproduzem o acontecimento, ligando-o a outros precedentes e também aos que virão.