Resumen:
O objetivo deste estudo foi conhecer a composição e a diversidade da acarofauna edáfica relacionada ao bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em duas diferentes formações florestais: Floresta Ombrófila Mista (FOM) e Floresta Ombrófila Densa (FOD). Foi comparada a riqueza de espécies, abundância e similaridade da fauna de ácaros edáficos, avaliando se o fator espacial (limite de dispersão), além de fatores ambientais bióticos e abióticos, influenciam na comunidade de ácaros edáficos no sul da Mata Atlântica. Para cada formação vegetal, foram escolhidos dez pontos amostrais. Para avaliar a diversidade da acarofauna edáfica, em cada ponto amostral seis subamostras foram coletadas tanto para o microambiente de solo quanto para o microambiente de serapilheira, com isso, garantimos o esforço amostral adequado dentro de cada ponto amostral para estimar a diversidade e composição de espécies de ácaros. Para determinar a influência dos processos estocásticos (limite de dispersão) e determinísticos (fatores abióticos e bióticos) na comunidade de ácaros edáficos criamos duas matrizes, a primeira incluindo a distância geográfica. A distância entre os pontos amostrais foi utilizada como preditora para estudar o papel dos limites de dispersão na formação da comunidade. Para estimar o potencial dos processos determinísticos na estruturação da comunidade de ácaros, criamos outra matriz com os fatores abióticos e bióticos, dentre eles, a granulometria, umidade e matéria orgânica do solo, a densidade e estrutura da vegetação, profundidade e percentagem de folhas, galhos e raízes finas da serapilheira e densidade de oribatídeos foram mensuradas. No total foram coletados 3081 ácaros, sendo 2091 adultos e identificados em 130 espécies/morfoespécies com 25 singletons e 15 doubletons. Os gêneros Pyrosejus, Polyaspis, Clausiadinychus, Multidendrolaelaps, Athiasella, Veigaia, Holostaspella, Gaeolaelaps, Gymnolaelaps, Labidostoma, Rhagidia, Stereotydeus, Laminochaelia são registradas pela primeira vez para o estado do Rio Grande do Sul e as espécies de Cunaxidae Neocunaxoides promatae Rocha, Rodrigues e Ferla, 2015, Bonzia flechtmanni Rocha, Rodrigues e Ferla, 2015 e Dactyloscirus multiscutus Rocha, Rodrigues e Ferla, 2015 foram descritas e ilustradas em trabalho já publicado. A abundância total, de ácaros adultos e riqueza de espécies apresentou maiores valores em FOD que totalizou 111 espécies, enquanto que em FOM foi observado 90 espécies. Quando os microambientes foram comparados separadamente, observou-se que a serapilheira apresentou maior abundância e riqueza de espécies. A densidade de oribatídeos apresentou influência significativa sobre a abundância e riqueza da acarofauna. A composição entre as formações florestais não apresentou diferença, porém, observou-se que as comunidades de ácaros nos pontos amostrais mais próximos, independente da formação florestal, eram mais semelhantes entre si do que aqueles distantes. A profundidade da serapilheira, a granulometria, percentagem de matéria orgânica no solo e a densidade de oribatídeos foram os fatores avaliados que contribuíram substancialmente para a variação da comunidade da acarofauna. Estes resultados fornecem fortes evidencias de como os limites de dispersão e fatores bióticos e abióticos são importantes estruturadores da composição comunidade de ácaros edáficos na Mata Atlântica no sul do Brasil. Desta forma, pode-se concluir com o presente estudo que estes ambientes necessitam de urgente atenção, sendo áreas prioritárias para a conservação da diversidade biológica, pela sua importância para ecossistemas adjacentes.