Resumen:
Introdução: No contexto do envelhecimento populacional, a faixa etária que mais cresce, proporcionalmente, é a de idosos acima de 80 anos (muito idosos), a qual apresenta maiores riscos de déficit cognitivo e deficiências nutricionais, que interferem diretamente na qualidade de vida. Objetivos: Verificar a associação entre estado nutricional e déficit cognitivo entre os muito idosos. Métodos: Estudo de delineamento transversal de base populacional. Avaliou-se 153 idosos com idade de 80 anos ou mais (86±4 anos) residentes no município de Veranópolis, RS. Foram avaliadas: função cognitiva pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e Teste do Desenho do Relógio (TDR); estado nutricional pela Mini Avaliação Nutricional, medidas antropométricas e dosagens séricas de albumina e vitamina B12. Dados sócio-demográficos foram obtidos por meio de questionário padronizado. As análises de associação foram realizadas através de análises multivariáveis. Resultados: A prevalência de déficit cognitivo foi de 47,7% (IC 95% 39,7-55,7) pelo MEEM e de 58,2% (IC 95% 50,3-66,1) pelo TDR. Nas análises ajustadas, déficit cognitivo avaliado pelo MEEN associou-se linearmente e positivamente somente com a idade. Quando avaliado pelo TDR, o déficit cognitivo foi 5 vezes maior entre aqueles com baixa concentração sérica de vitamina B12. Para as demais variáveis, verificou-se associação positiva com ser mais velho, ser viúvo, ter menor escolaridade e usar medicamentos de ação no sistema nervoso central. Ser solteiro, morar com filho ou morar sozinho atuou como fatores de proteção para déficit cognitivo. Conclusões: apesar do déficit cognitivo nesta população de muito idosos ter mostrado associação positiva com a idade avançada, viuvez e baixa escolaridade, em relação ao estado nutricional, somente a baixa concentração sérica de vitamina B12 mostrou associação positiva com déficit cognitivo.