Abstract:
Fluxos gravitacionais de sedimentos compreendem correntes densas de fundo caracterizadas pela alta concentração de sedimentos. Declive abaixo, transformações de fluxo podem ocorrer (fluxo laminar para turbulento e vice-versa) devido a diversos fatores, inclusive à incorporação de argila ou segregação da mesma no fluxo. Transformações de fluxo podem causar comportamentos híbridos de fluxo, quando um mesmo fluxo apresenta mais de uma reologia e assim gera camadas com características híbridas. O Rifte Santa Bárbara Oeste, o qual representa um estágio evolutivo de natureza transtencional da Bacia do Camaquã (Rio Grande do Sul) inclui depósitos de fluxos gravitacionais de sedimentos coesivos (debritos) e não-coesivos (turbiditos). Esta pesquisa tem como objetivo testar a possível conexão genética entre os dois tipos de depósitos, entender o mecanismo de disparo destes fluxos e caracterizar as possíveis transformações de fluxo ocorridas ao longo do eixo deposicional da bacia. Análises fotoestratigráficas foram realizadas a fim de identificar superfícies estratigráficas-chave e tratos de sistemas associados. Perfis sedimentológicos e gama em escala de detalhe (1:20) e descrição pontual de afloramentos foram realizados a fim de identificar as fácies e associação de fácies na área de estudo. Durante estes trabalhos de campo, amostras foram coletadas para descrições macro e microscópicas. A associação de fácies sugere um contexto de frente deltaica caracterizado por fluxos unidirecionais para NE, paralelos ao eixo da bacia. O trato de fácies indica transformações de fluxo ocorridas desde a desembocadura dos distributários deltaicos. Na desembocadura ao ser desconfinado o fluxo sofre expansão e desacelera, gerando um intervalo denso no fundo de uma corrente de turbidez bipartida. Quando do congelamento friccional de seu intervalo laminar basal, a corrente de turbidez residual, totalmente turbulenta, e por isto com alta capacidade de erosão, erode o substrato, incorporando lama e gradualmente transformando-se em um fluxo de detritos. Por último, uma pluma em suspensão se desenvolve no topo do fluxo de detritos por diluição deste e gera uma delgada camada de turbidito no topo do debrito (camada híbrida).