Resumen:
O final do Oligoceno foi um momento crítico para a evolução das angiospermas, com o estabelecimento da vegetação moderna e o predomínio das pastagens. Foi um período de importantes eventos geológicos, como a elevação dos Andes permitindo a ligação com a América Central e modificando a fitogeografia. Uma nova associação fóssil é apresentada e descrita para as camadas de folhelho bentonítico da Formação Campos Novos, cuja datação 40Ar/39Ar geocronológica indica o final do Oligoceno. Esta unidade é parte da sequência deposicional que preencheu a Bacia de Boa Vista, uma pequena bacia pull-apart localizada no Nordeste do Brasil e situada sobre um embasamento Pré-Cambriano e afetada por eventos tectônicos e magmáticos. A tafoflora é composta exclusivamente por angiospermas e está representada por folhas, folíolos, frutos e fragmentos de uma flor e de uma provável monocotiledônea. Entre os taxa identificados, predominam os da família Fabaceae seguida por Lauraceae, Annonaceae, Burseraceae, Anacardiaceae, Myrtaceae e Malvaceae. Dominam os tamanhos microfílicos com margens inteiras e venação broquidódroma, indicando clima tropical quente sazonal ou com períodos de restrição hídrica. Comparações feitas com outras assembleias Cenozoicas do Brasil e das Américas sugerem uma proximidade com as depositadas entre o Eoceno e Oligoceno da parte central do Brasil, e com aquelas do final do Oligoceno do Norte do Brasil e da região do Caribe. Isto sugere uma retração das floras tropicais das altas latitudes para latitudes mais baixas no final do Oligoceno, ligada, provavelmente, ao aquecimento ocorrido no final do período. Análogos modernos mostram uma flora mista de componentes da floresta Amazônica, Cerrado e Floresta Atlântica, ou um ecótono onde a maioria apresenta comportamento pioneiro. A flora fóssil de Boa Vista apresenta-se como potencial datadora para registros do final do Paleógeno do Brasil.