Resumen:
As altas taxas de incidência da tuberculose (TB) no Estado do Rio Grande do Sul (RS), 48/100.000 habitantes (2010) e a pouca informação epidemiológica desse agravo instigou a realização deste estudo, cujos objetivos foram: descrever o quadro epidemiológico dos casos novos de TB no RS no período de 2001 a 2011 e analisar as características sociodemográficas, comportamentais, comorbidades, formas de apresentação e evolução clínica da doença. A amostra foi todo o universo de notificações de TB através do SINAN-TB entre 2001 e 2011. A extração dos dados foi efetuada para o formato DBF (Data Base File), gerando um arquivo Excel, contemplando os 497 municípios do RS no período. O programa estatístico SPSS versão 20 foi utilizado para a análise estatística. Após a descrição, foram realizadas análises bruta, e em seguida à análise multivariada para controlar fatores de confusão por meio de Regressão de Poisson. Na descrição das 16.383 notificações, 13.647 (83,8%) foram de casos novos, a maioria era do sexo masculino (66%), da raça branca (80,3%), com idade entre 30 a 39 anos (22,1%), com escolaridade de 5 a 8 anos de estudo (41,4%), com residência no interior do Estado (45,1%), não institucionalizado (89,1%), não apresentava alcoolismo (69%), não tinha AIDS (71,6%), não tinha diabetes (84,4%), não tinha doença mental (94,1%) e da forma pulmonar (78%). Na categoria extrapulmonar, a forma ganglionar foi a mais frequente entre os casos de TB em monoinfecção (30,9%), e a pleural foi a maioria entre os casos de coinfecção TB/HIV (45,6%). A variável cura teve a maioria da amostra (63,1%). Na análise, homens, raça não branca, não alfabetizados, residência em Porto Alegre, etilistas e coinfecção HIV apresentaram maior probabilidade de não ter cura da TB. Por outro lado, os jovens tiveram maior probabilidade de cura em relação aos maiores de sessenta anos. Conclui-se, então, que a maior probabilidade do não ter cura de tuberculose foram nos homens, no grupo de raça não branca, na baixa escolaridade, nos indivíduos que usam álcool e nos grupos de coinfecção HIV. Além disso, residentes em Porto Alegre e região metropolitana também possuem maior probabilidade de não ter cura da TB.