Resumo:
Objetivo: investigar a relação da obesidade abdominal (OA) em mulheres trabalhadoras de turnos com os padrões alimentares (PA). Métodos: estudo de caso-controle não pareado realizado em 2011 com 541 mulheres (215 casos; 326 controles), de 18 a 53 anos de idade, trabalhadoras de turnos em um frigorífico no sul do Brasil. Casos de OA foram definidos com circunferência da cintura (CC) ≥88 centímetros (cm) e controle com CC < 88 cm. Os PA foram obtidos por um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) contendo 53 itens alimentares e análise fatorial de componentes principais (ACP). Os nomes dos PA foram atribuídos com base nos alimentos de maior carga fatorial e características nutricionais. A associação entre OA e PA foi testada por meio de regressão logística não-condicional. Resultados: três PA denominados de “gordura animal/calorias”, “lanches/fast-food” e “frutas/verduras” foram identificados. O PA “gordura animal/calorias” apresentou o maior percentual de variância explicada (10,97%). Os casos apresentaram maior adesão ao PA “gordura animal/calorias” e “frutas/verduras”, 39,1% e 42,9%, respectivamente. Os controles tiveram maior adesão ao PA “lanches/fast-food” (34,7%). A análise ajustada mostrou uma maior chance de adesão ao PA “frutas/verduras” para os casos (OR= 2,26; IC 95%: 1,30-3,93) comparados aos controles. Por outro lado, observou-se uma associação limítrofe, com menor chance de adesão ao PA “lanches/fast-food” pelos casos do que pelos controles (OR= 0,60; IC 95%: 0,36-1,01). Conclusões: este estudo identificou três PA que descreveram o consumo alimentar de mulheres trabalhadoras de turnos. Os resultados apontam para uma tendência a uma melhora na alimentação nas trabalhadoras com obesidade abdominal comparadas com o grupo controle, de trabalhadoras que não apresentam este evento em saúde, ou seja, urge a necessidade de programas e ações voltadas aos trabalhadores no sentido da prevenção primária em saúde.