Resumo:
Esta tese tem como abordagem principal o uso de dados icnológicos como indicadores de assinaturas estratigráficas, parâmetros paleoambientais e paleobatimetria relativa, e almeja, principalmente, diagnosticar alterações nas suítes icnológicas ao longo do SiluroDevoniano da Bacia do Paraná. Partindo da hipótese de que a análise icnológica permite inferências de oscilações no nível do mar em maior escala (3ª ou 2ª ordem), prospectouse a sucessão Siluro-Devoniana (formações Furnas e Ponta Grossa) com enfoque na região dos Campo Gerais do Paraná de modo a investigar sua composição faciológica, icnológica e fossilífera. Esta análise integrada possibilitou o diagnóstico de assinaturas estratigráficas-chave (e.g. Glossifungites em limites de sequência, densa ocorrência de Zoophycos em trato de sistemas de nível alto ou baixo espaço de acomodação; Lingulichnus em trato de sistemas transgressivo ou ciclos de finning upward), bem como permitiu a definição de paleoambientes (principalmente reforçando o contexto marinho da Formação Furnas) e zonas icnoestratigráficas (definindo-se idade Siluriano Inferior para as unidades inferior e média da Formação Furnas). Também pautou o reconhecimento de sequências deposicionais em terceira ordem para a Supersequência Paraná. Estudos pontuais ainda foram desenvolvidos na borda noroeste da bacia (Mato Grosso do Sul) para se comparar com os dados da borda sudeste (Paraná), atestando o caráter mais raso dos depósitos setentrionais. Dados paleocológicos inferidos pela análise icnológica auxiliaram na compreensão de eventos paleobiológicos, principalmente relacionados às mudanças faunísticas durante o Devoniano (Evento Basal Zlíchov e declínio de Fauna Malvinocáfrica). Em síntese, esta tese demonstra o potencial da Icnologia para resolver questões de cunho paleoambiental, paleobiológico, icnoestratigráfico e para auxiliar na definição de arcabouços de sequências.