Resumen:
Esta tese tem o objetivo geral de compreender características do anonimato, enquanto fenômeno tecnocultural, nas plataformas digitais. Para tanto, são consideradas no recorte as plataformas de interface anônima. Esses serviços se diferem de redes populares, como Facebook e Twitter, porque permitem a interação entre os sujeitos sem a necessidade de se utilizar uma foto de perfil, um nome ou um avatar que identifique a pessoa. Os movimentos exploratórios incluíram aplicação de questionário com usuários do Sarahah, navegação em primeira pessoa a partir da caixinha de perguntas do Instagram e, finalmente, a escavação de outros apps, numa abordagem arqueológica da mídia. Isso permitiu a coleta de material para dissecação, de forma a entender como as imagens do anonimato se atualizam num contexto tecnocultural de sociedade softwarizada, em que passado e presente coalescem e os aparatos técnicos funcionam como mediadores do mundo imaginado. O aporte teórico contou, entre outros autores, com Auerbach (2012), Bergson (2006), Chun (2008), Fernández Porta (2018), Fischer (2013; 2015), Flusser (1985; 2008), Foucault (2001; 2013), Frois (2010), Kluitenberg (2014), Manovich (2013; 2014) e Sibilia (2016). Conforme a investigação progredia, percebeuse que as plataformas digitais de interface anônima atuam como heterotopias, no sentido de que são espaços com regras próprias e que permitem formas bastante particulares de interação. Foram identificados traços como a confissão de segredos, a troca de afetos, o amortecimento moral, a zombaria e a ofensa, todos possibilitados pela organização de elementos interativos e visuais do território digital.