Resumo:
Essa dissertação aborda o processo de Inovação em Modelo de Negócios (BMI) dos jornais O Globo e Zero Hora por meio da adoção de práticas que os conduziram em direção à transformação dos seus modelos tradicionais. Nessa perspectiva, a revisão da literatura abordou o tema Modelo de Negócios e elegeu um framework pelo qual os casos foram escolhidos e analisados, enquanto o processo de BMI foi pesquisado a partir da perspectiva da Estratégia como Prática – para entender como as ações realizadas pelos atores organizacionais conduziram os jornais à inovação. Essa perspectiva aproveita uma lacuna das correntes clássicas da estratégia, analisando-a em nível miro-organizacional, considerando aspectos emergentes da sua construção e as relações entre diferentes atores que a compõe. Abordou-se ainda os padrões de negócio da indústria de jornais, estabelecendo um paralelo entre os modelos do papel e do digital. Com base nas evidências teóricas, o problema de pesquisa foi estabelecido para saber quais foram e como emergiram as práticas que favoreceram o processo de BMI nos casos estudados. Essa questão foi endereçada pela proposição de um modelo conceitual que relacionou as práticas aos fatores que levaram os atores da organização à realização das mesmas. A partir daí delineou-se o modelo conceitual metodológico, realizado através do estudo dos dois casos – ambos jornais de grande expressividade no Brasil que passaram por processos de BMI. Os resultados da pesquisa apontam que: A) o processo de BMI inicia com o reconhecimento de motivações internas e externas aos atores da organização; B) as motivações levam os atores a realizarem práticas formais ou informais, relacionadas à abertura dos limites da organização ou à colaboração entre áreas da empresa; C) as práticas encontradas permeiam diferentes etapas do processo de inovação; e D) os atores do processo de inovação são múltiplos (internos e externos) e colaboração é característica comum a todas as práticas mapeadas. Essas proposições sugerem que BMI está associado ao processo de inovação aberta, ao qual o aspecto de colaboração é inerente. Nesse sentido, afrouxar fronteiras externas e internas da organização e estabelecer relações dialógicas entre os diferentes atores, pode favorecer o processo de inovação em modelo de negócios