Abstract:
As fraturas em rochas reservatório de óleo e gás desempenham uma importante função no armazenamento e transporte destes fluidos. O fluxo dos fluidos é controlado por estas estruturas, as quais se apresentam em diferentes escalas, que vão desde redes de poros conectados na matriz da rocha até redes de fraturas quilométricas. Dessa forma, a fim de entender o comportamento do reservatório e estimar parâmetros para extração de tais recursos, as redes de fraturas são estudadas, por geólogos e engenheiros, por meio de representações numéricas (determinísticas e estocásticas) baseadas em aquisições por sísmica e perfis de poços. Contudo, estudos de reservatórios localizados em grandes profundidades sofrem com a limitação da escala do primeiro e esparsividade de dados do último e sendo assim, afloramentos análogos são utilizados para preencher esta lacuna. Sobre os afloramentos informações de fraturas podem ser adquiridas em campo ou a partir de interpretações em representações digitais obtidas por meio de levantamento Light Detection and Ranging ou por fotogrametria digital com o auxílio de veículos aéreos não tripulados. A forma comumente empregada na interpretação manual de fraturas consiste em restituir traços de fraturas em ortofotos resultantes do processamento
fotogramétrico, que impossibilitam a aquisição de informações tridimensionais como mergulho, por exemplo. Sendo assim, a hipótese é que os modelos tridimensionais viabilizam uma descrição mais detalhada de redes de fraturas, com medidas que podem ser feitas em tela de computador e em realidade virtual imersiva, resultando em conjuntos de dados de entrada mais apropriados para os modelos matemáticos. Posto isto, este trabalho teve como objetivo geral propor uma abordagem estocástica para o desenvolvimento de redes de fraturas baseado em modelos digitais imersivos de afloramentos. Para tal, foram gerados modelos de redes de fraturas discretas bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D) a partir de interpretações em modelos
digitais e virtuais imersivos de afloramentos. Os modelos foram validados por meio de análises estatísticas e comparações aos trabalhos publicados com estudos nos afloramentos investigados nesta pesquisa. Em particular, os resultados do modelo 3D estocástico em termos de intensidade de fraturas por volume (P32), onde foi obtido um valor médio de 0,15m−1 e desvio padrão de 0,08m−1, serviram para confirmar a hipótese estabelecida, uma vez que os valores de P32 se aproximam de valores obtidos a partir de interpretações 2D, porém a informação de mergulho nestes modelos é estimada. Por fim, é evidenciado que esta pesquisa reforça a potencialidade do emprego de realidade imersiva no apoio às interpretações geológicas em afloramentos rochosos análogos aos reservatórios fraturados, de forma a fornecer aos geólogos e engenheiros
parâmetros mais adequados para simulações de fluxo que visam definir estimativas de produção do reservatório e critérios para exploração.